Rumo ao pentacampeonato: Marily dos Santos detalha preparação para Maratona Salvador
- Tiago Queiróz
- 16 de set.
- 3 min de leitura

Alagoana radicada na Bahia, Marily dos Santos é um símbolo da resistência e da garra da mulher nordestina. De corpo franzino, mas de energia inesgotável, a maratonista acumula, ao longo de mais de 30 anos de carreira, títulos e conquistas que a levaram a cruzar linhas de chegada nos quatro cantos do mundo.
O desempenho nas corridas de rua são fruto de dedicação e treinamento, mas também da experiência adquirida ainda na infância quando deus seus primeiros "tiros" nas fazendas do pai.
"Meu pai era agricultor e tinha seis roças de abacaxi, em Alagoas. Sendo cada um com cinco seis tarefas. Como eu era muiuto hiperativa Meu pai resolveu então me colocar correr entre as fazendas. Eram 3km, 4km, 5km de distância...Era três quatro carreiras dessa por dia! Aos domingos eu era responsável por levar as compras de minha avó. Levava as compras na cabeça, sendo 8km indo e mais 8km voltando", explica a corredora que representou o Brasil nas o nos jogos de Pequim, em 2008, além de ter participado das Olimpíadas do Rio, em 2016.

Atual campeã da Maratona Salvador, na categoria 42 km, Marily entra em 2025 com um objetivo ousado: conquistar o pentacampeonato da prova. Até aqui, já brilhou nas edições de 2018, 2022, 2023 e 2024, consolidando-se como um dos maiores nomes das mais tradicional corrida da capital baiana.
“Estou treinando com foco na Maratona Salvador e também na de Curitiba, que acontece em novembro. A de Salvador, às vezes, muda o percurso, o que me deixa meio perdida e dificulta a estratégia (risos). Normalmente, quando a prova é no mesmo local, eu já sei onde dar o bote e onde separar as meninas das mulheres. Maratona a gente não corre só com as pernas, mas também com a cabeça”, comenta.
Radicada em Pojuca, no interior baiano, Marily prefere a tranquilidade da rotina longe da capital para se preparar.
“Eu treino na estrada de chão batido. Acordo, coloco o tênis e já estou cercada pela natureza, ouvindo os pássaros, vendo as vaquinhas... É bem mais tranquilo. Gosto mais de lugar calmo”, conta.
A preparação inclui longos percursos semanais – os famosos “longões” – que só diminuem na semana que antecede a prova, quando a atleta reduz o volume de quilometragem e troca o chão batido pelo trote no asfalto. Além disso, Marily valoriza o acompanhamento do fisioterapeuta Tiago Freire.
“Ano passado ele me ajudou muito. Meu tipo de musculatura favorece, mas qualquer desconforto eu já corro para ele. Fortalecimento é essencial para evitar lesões.”
Outro pilar da sua preparação está na alimentação, baseada em ingredientes cultivados por ela mesma.
“Eu cozinho minha própria comida, com as coisas que planto: cenoura, beterraba, batata-doce, aipim... Não gosto de pizza, sanduíche, bolo, pão, macarrão. Feijão só verde ou preto, plantado. Como bastante carne, sou canívora (risos). O ovo é de galinha de quintal, e bebo muita água de coco. Essa é minha primeira refeição do dia”, revela.
Mais do que uma rotina de treinos e cuidados, sua história é marcada pela superação.
“Minha vida dá um livro. Onde eu morava não tinha energia elétrica. A única energia que tinha era a minha. Fui descoberta por José Carlos Santana, que me levou de Alagoas para a Bahia. A Bahia me abraçou, e sou muito grata. Meu objetivo é continuar aqui.”
Sem a pressão da juventude, Marily encara a Maratona Salvador com maturidade e paixão renovada.
“Com a idade que estou, não vejo mais como obrigação. Quero correr, correr... E quero o pódio, não importa a altura.”




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