Editorial - Por uma cidade que corra junto com quem corre
- Tiago Queiróz
- 21 de out.
- 2 min de leitura

Correr em Salvador tem se tornado um ato de coragem. Nos últimos meses, três casos trágicos escancararam o risco enfrentado por quem pratica o esporte nas ruas da cidade: no dia 23 de agosto de 2025, o corredor Emerson Pinheiro, de 29 anos, teve a perna direita amputada após ser atropelado; a policial rodoviária federal aposentada Marta Maria dos Santos, de 60 anos, morreu depois de ser atingida por um carro que trafegava na contramão, na Avenida Paulo VI, na Pituba; e, mais recentemente, um corredor de 45 anos foi atropelado no Centro Administrativo da Bahia (CAB), durante um treino.
Episódios que mostram que a prática da corrida em Salvador, mais do que um hábito saudável, se tornou uma atividade de alto risco.
Em alguns trechos da orla, quando grandes grupos correm em sentidos opostos, o espaço se torna tão estreito que a circulação fica comprometida.
A impressão é de que a cidade não foi planejada para comportar um fluxo tão grande de pessoas praticando atividade física.
Além disso, Salvador não conta com uma pista específica para os treinos de corrida. Alguns trechos da orla têm espaço para pedestres, mas muitas vezes estão tão cheios que a alternativa é correr na pista de veículos — o que expõe os atletas a perigos constantes.
A contradição é evidente: o poder público (de forma assertiva, diga-se) tem patrocinado provas privadas de corrida de rua, investindo em grandes eventos esportivos que movimentam o turismo e a economia local, mas não oferece estrutura nem segurança mínima aos corredores que treinam diariamente pelas ruas da cidade.
É urgente que Salvador repense o espaço urbano para os praticantes de esportes. A criação de pistas exclusivas, a melhoria da sinalização e campanhas de conscientização no trânsito são medidas simples que podem evitar tragédias.
Correr não deveria ser um ato de risco — e sim de vida. É hora de transformar a energia que move as corridas de rua em compromisso com a segurança de quem faz da cidade a sua pista.
Redação Bahia Run 360




Comentários