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Desafio 4 Faróis: corredores contam suas histórias de superação

  • Foto do escritor: Tiago Queiróz
    Tiago Queiróz
  • 9 de out.
  • 4 min de leitura
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Desafio, superação, empreitada ou missão — qualquer uma dessas palavras define bem o Desafio 4 Faróis, que acontece neste fim de semana. Em sua 7ª edição, a prova, organizada pela assessoria esportiva Brutos de Stella, reunirá cerca de 88 atletas que percorrerão trajetos de 10, 20, 30, 40 e 100 quilômetros.


A largada será na noite da próxima sexta-feira (10), às 20h, em frente à Basílica do Nosso Senhor do Bonfim, em Salvador, com chegada prevista na Praia do Forte, no município de Mata de São João.


De acordo com o professor Rogério Reis, fundador do Brutos de Stella Mares — grupo motivacional que reúne corredores amadores e atletas de ciclismo, canoagem e corridas de orientação —, o desafio nasceu de uma simples brincadeira entre amigos.


“No primeiro ano, éramos 16 loucos dispostos a nos desafiar. A ideia, na verdade, surgiu de um amigo meu, o Ivanzinho. A gente ia fazer a Ultramaratona dos Anjos Internacional, de 235 km, mas não havia vagas. Então ele decidiu desbravar Salvador, saindo de Stella Maris rumo ao Bonfim. Depois, seguiu do Farol de Humaitá até a Praia do Forte, passando pelos faróis. Assim nasceu o desafio dos 100 km e o nome ‘4 Faróis’ — Humaitá, Barra, Itapuã e Praia do Forte.”
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O percurso, segundo Rogério, já passou por algumas mudanças ao longo dos anos.


“No primeiro ano, saímos do Humaitá. No segundo, passamos a largar da Igreja do Bonfim, seguindo em direção aos quatro faróis.”

Mesmo sem o selo da Federação Baiana de Atletismo, o evento vem crescendo a cada edição.


“Esse desafio não é uma prova oficial. Contamos com o apoio de algumas empresas que nos ajudam com recursos para que possamos realizar essa brincadeira. A grande novidade deste ano é a cronometragem na largada e na chegada. Teremos 88 corredores, sendo 65 na distância de 100 km. Também vamos entregar premiações simbólicas aos três primeiros colocados”, completa Rogério.

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Com 44 anos e experiência de sobra em corridas de longa distância, o ultramaratonista Marcelo Silva já encarou o Desafio 4 Faróis duas vezes — e sabe bem o que é superar limites. Em entrevista ao Bahia Run 360, Marcelo compartilhou detalhes sobre o percurso, as dificuldades e o que a prova representa para ele.


“O início até Stella Maris foi o momento mais difícil. Eu sabia que, se chegasse bem até ali, o restante seria colocar em prática o trabalho mental dos longos treinamentos. No começo, é preciso lidar com as emoções, as incertezas e com tudo o que pode dar errado. Isso pesa muito no desafio.”

Mesmo enfrentando dores e imprevistos, Marcelo afirma que em nenhum momento pensou em desistir.


“Esses contratempos me fizeram apenas recalcular a estratégia. O importante era seguir, mesmo que em um ritmo diferente”, conta.
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“Eu não pensava em chegar logo. Estabeleci pontos ao longo do percurso e comemorava cada um deles internamente. Isso me dava energia. Costumo dizer que, enquanto eu corro, eu descanso. A vida já exige muito da gente, e correr é terapêutico”, acrescenta Silva.

Com um histórico que inclui maratonas e ultramaratonas de 50, 70 e 80 km, Marcelo destaca que o preparo para os 100 km envolve tanto o corpo quanto a mente.


“Nos treinos, muitas vezes sozinho, eu já me preparava para lidar com as adversidades. Na prova, o corpo se adapta — mesmo quando não conseguimos seguir o plano nutricional à risca”, explica.


“Gosto de uma frase que diz: ‘Se você me encontrar correndo e eu não responder, não me leve a mal. Estou fugindo de mim mesmo, tentando me encontrar’. No Desafio 4 Faróis, a gente se encontra”, completa.
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Aos que pensam em encarar o desafio pela primeira vez, Marcelo deixa um conselho de quem já viveu a experiência:


“Só estar na largada já é motivo de gratidão. Nem todo mundo consegue concluir uma planilha de treinos para uma ultra. Então, comemore cada quilômetro conquistado — e use o caminho para edificar vidas.”

A também ultramaratonista baiana Aline Bonfim, de 45 anos, conhece bem o significado da palavra superação. Três vezes participante do Desafio 4 Faróis, ela já viveu de tudo na prova que conecta fé, resistência e emoção.


“Minha primeira participação foi em 2022, quando corri 45 km. No ano seguinte, resolvi encarar os 100 km completos, mas acabei precisando abandonar no quilômetro 93, depois de uma queda e da perda de foco”, relembra. Aline conta que, mesmo diante das dificuldades, o desejo de voltar mais forte falou mais alto: “Tinha certeza de que voltaria no próximo ano pra concluir. E foi o que fiz.”
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Em 2024, ela não só concluiu os 100 km como comemorou cada passo dado até a chegada.


“Estava inscrita para os 160 km, mas perdi o ponto de corte por 23 minutos. Mesmo assim, fiquei muito feliz em ter chegado à Praia do Forte. Era um sonho que precisava ser realizado.”


Entre as memórias mais marcantes da jornada, Aline destaca o apoio da família e dos amigos.


“Lembro da largada, com minha filha, meus pais, meus irmãos e amigos torcendo por mim. Durante o percurso, tive a companhia de pessoas incríveis, que me ajudaram a não desistir. A energia da prova é indescritível.”


Para Aline, chegar até o fim de uma ultramaratona exige mais do que resistência física.


“Eu sempre estive com a mente forte e disposta a concluir, mas as despesas e a rotina de trabalho dificultam o descanso e os treinos ideais. Mesmo assim, fui com fé e vontade”, diz.
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“Me preparar e completar os 100 km me tornou mais confiante. Me fez acreditar que sou forte e capaz de vencer qualquer obstáculo. Afinal, concluir o 4 Faróis não é tarefa fácil”, afirma com orgulho.

E ela deixa um conselho a quem pretende encarar a prova pela primeira vez:


“Acredite. Mantenha a mente positiva e foque nos treinos. Quem sai da Basílica do Bonfim não é a mesma pessoa que chega ao Farol da Praia do Forte. Você vai chegar mais forte, mais confiante e muito mais feliz!”.

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