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Como a corrida ajuda a controlar a ansiedade: o que acontece no corpo e no cérebro durante o exercício

  • Foto do escritor: Tiago Queiróz
    Tiago Queiróz
  • há 2 dias
  • 3 min de leitura
Getty Images
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A corrida é frequentemente indicada como aliada no cuidado com a saúde mental — e há razões claras para isso. Durante o exercício, uma combinação de reações fisiológicas e psicológicas se ativa, liberando substâncias que reduzem a ansiedade e promovem bem-estar.


Pesquisas mostram que até sessões curtas, entre 10 e 60 minutos, já podem melhorar humor, tensão e sintomas depressivos.


O que a ciência já sabe


Uma revisão com 116 estudos sobre o tema, publicada entre 1970 e 2019, concluiu que tanto corridas recreativas quanto treinos regulares estão associados à diminuição do estresse e ao aumento do bem-estar psicológico.


Apenas níveis muito elevados de prática — comuns em maratonistas ou praticantes compulsivos — podem gerar impacto negativo.


O corpo em ação: endorfina, dopamina, serotonina e mais


Durante os primeiros minutos de corrida, o corpo enfrenta desconfortos naturais: respiração acelerada, coração mais rápido, peso nas pernas. Ao mesmo tempo, sistemas biológicos entram em ação.


Segundo Marco Túlio de Mello, professor da UFMG, um dos primeiros efeitos é a liberação de beta-endorfina, que reduz a dor e desencadeia a produção de dopamina — neurotransmissor ligado ao prazer e à satisfação.

A dopamina é responsável pela sensação de recompensa durante e após o exercício, efeito que tende a ser mais intenso em quem gosta de correr.


A corrida também ativa noradrenalina e serotonina, explica Ricardo Mario Arida, professor da Unifesp. Esses neurotransmissores regulam humor, atenção e disposição. Quando retomam níveis equilibrados, a ansiedade diminui e o humor melhora.

Além disso, sistemas opioide e endocanabinoide são estimulados, ajudando a aliviar tensões musculares, reduzir dor e promover relaxamento — combinação que explica a chamada “euforia do corredor”.



Por que a corrida é tão acessível?


Segundo a psicóloga do esporte Anna Vitória Renaux, da Confederação Brasileira de Atletismo, a corrida tem um diferencial: exige pouco aprendizado técnico.


“É um movimento natural. Basta uma roupa confortável e um tênis", afirma. Com poucos obstáculos de entrada, a pessoa percebe evolução rápida — como correr alguns minutos a mais a cada treino — o que reforça motivação e autoconfiança.


Exercício também é psicológico


Manter o foco, lidar com o desconforto inicial e completar o percurso fortalece resiliência e disciplina. Essa vivência de superação tem impacto direto em sintomas de ansiedade, já que restaura a sensação de controle e competência.


Definir metas realistas, segundo Renaux, ajuda a transformar o hábito em prazer e não em frustração. E quando a corrida acontece em grupo, o benefício é ainda maior: a socialização melhora humor e reduz sintomas de ansiedade e depressão.

O alerta é apenas para o excesso: quando o treino começa a atrapalhar sono, rotina social ou trabalho, há sinal de desequilíbrio.


Qual exercício é o melhor? Aquele que você consegue manter


As diretrizes internacionais recomendam ao menos 150 minutos semanais de atividade física moderada. Para os especialistas, constância vale mais do que intensidade — e a prática só se sustenta quando há prazer envolvido.


Embora os exercícios aeróbicos, como corrida, tenham impacto mais rápido na ansiedade, a musculação também contribui, especialmente quando feita com regularidade e foco na resistência.

Mello reforça que gostar da atividade faz diferença direta na resposta do cérebro: quem curte correr sente o efeito prazeroso mais cedo; na musculação, a sensação vem de forma mais gradual, mas existe.


Por isso, para quem não se identifica com a corrida, a recomendação é simples: encontrar um exercício que dê prazer.


“O melhor exercício é aquele que você gosta de fazer”, resume o professor da Unifesp.

Fonte: G1



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